BENZIÊ: UMA UNIÃO SONORA DE AMOR E BOAS VIBES

Falar da banda Benziê não é falar de um, nem de outro. É falar de dois. Victoria Conegero e Du Pessoa, ambos músicos autodidatas, formaram união sonora em 2016, em Sorocaba. Os dois também formam um casal, que, juntos, contagiam quem se deixa tocar pela musicalidade. Ele, 32 anos, há muito tempo na música independente, largou a vida de agência para embarcar no seu sonho. Ela, 21 anos, cursa Letras, mas a voz graciosa e doce não esconde: é a música que toma papel principal em sua vida.

“A história do nome, Benziê, como surgiu? A gente tem um apelido carinhoso um com o outro. Ela só me chama de ‘meu bem’,” explica Du, que na sequência é interpelado por Vic: “Do mesmo jeito que a gente fala ‘ô manhê’, ‘o paiê’, sabe? Viemos com ‘Benziê’. Achei sonoro. Tinha ver com o clima da ‘Casa Amarela’ (nome do primeiro single lançado pela dupla). Somos um casal, e, por que não, usar um apelido carinhoso para o projeto?”.

Já deu para perceber que carinho é palavra que habita o imaginário criativo da dupla.

“Eu vim de família de músicos. Minha mãe é formada em piano. Tem minha tia, meu pai… Nasci nadando na música, não tive escapatória. Sempre cantei na igreja, no coral. Fui aprendendo. Até que ganhei um violão, comecei a arranhar, saíram algumas músicas. Sempre foi natural. É especial para mim e para ele também. Somos autodidatas, acho que está no sangue. Eu tocava em barzinhos, fazia projetos de samba, até que a gente se encontrou, e daí nasceu algo de concreto, autoral. Para quem é músico e está nessa arte, não há realização maior do que abrir a boca para falar a sua verdade, né,” conta Vic.

Du sempre trabalhou com festa, evento. Tem banda desde os 16 anos, já tocou hardcore; rap; tinha a banda chamada Elephant Club, em Sorocaba; abriu shows para bandas como Charlie Brown e O Rappa. E em paralelo com a música, sempre trabalhou. Tocava, até pouco tempo atrás, uma agência de publicidade, que tinha em parceria com amigos da faculdade: “Sempre precisei ralar, até que, chegou uma hora em que pude abrir mão do trabalho convencional e pensar em viver da música”.

NASCE UM EP: ALUCINANTE DEMAIS

Em junho de 2017, Du largou mão da agência de publicidade, que foi seu ganha pão por sete anos. Em setembro e outubro, a dupla entrou em estúdio para gravar o primeiro EP, intitulado “Alucinante Demais”, lançado em novembro. O termo “alucinante demais” surgiu do nada, contam. “Um dia, estávamos em um programa de rádio, prestes a dar uma entrevista, o Du estava um pouco nervoso, e soltou um ‘alucinante demais’,” conta Vic. Du emenda: “É, as coisas estavam começando a ficar alucinante demais. A vida é meio alucinante demais, né. Cada dia, um novo dia.”

Sobre “Alucinante Demais”, Vic conta, o disco tem clima solar, a cara da praia. As letras são do Du. “Sempre amei escrever. Quando fui para o mercado de trabalho, parei de escrever, pelo menos para a música. Só que tinha muita coisa anotada no meu caderno. Aí, quando a Vic apareceu, tudo se aflorou… Eu chego com as letras, as ideias, uma coisa ou outra, e a gente lapida juntos. Amo escrever. É um alívio; me motiva,” explica Du. “Você coloca para fora o que não cabe mais em você,” emenda Vic, “e, aos poucos, nasce a música, como um filhinho do qual você cuida, e que vai se transformando”.

Na virada de 2018, a dupla recebeu convite do Estúdio Showlivre, programa de internet que produz shows ao vivo dentro de um estúdio. “Não planejamos nada. Uma menina foi em um show nosso, na beira de uma represa em Sorocaba. A festa bombou, e recebemos esse convite. Não tínhamos banda ainda. Na sequência dessa apresentação, fomos para Camburi, tocamos em um espaço lá, o Lokahi. Depois fizemos uma apresentação em Maresias, na galeria de frente para a praça, no final do ano. Esse som do Showlivre, rolou no dia 23 de janeiro. Tivemos 20 dias para ensaiar com a banda, vários músicos e metais. Estamos nessa agora. É louco, porque mesmo que tudo esteja acontecendo muito rápido, ainda assim, é um trabalho de formiguinha.”

Benziê no Showlivre: https://goo.gl/4WKE4X

CASA AMARELA: O COMEÇO DE BENZIÊ

“Sabe como eu conheci a Vic?,” pergunta Du, que prossegue a explicar: “Eu estava solto, né, tranquilão, até que vi um vídeo dela, na internet. Ela cantava Criolo. Que voz…Me apaixonei. Na época, mandei mensagem para ela, parabenizando pela voz.” Até que o acaso levou a gente a se encontrar em um bar de Sorocaba, por meio de amigos em comum até: “Perguntei a idade dela: 18 anos, ela respondeu. Eu disse, Opa! – risos. Só que daí ferrou, né, porque a gente grudou e não nos soltamos mais… Nunca nem rolou pedido de namoro. Fomos indo.”

Depois de quase um ano de namoro, o casal decidiu viajar para a Colômbia. Surgiu a ideia de trocar música por hospedagem. Começaram a trabalhar juntos e lançaram “A Casa Amarela”. “Foi nosso primeiro som, a primeira composição, primeira gravação, o começo do Benziê,” contam.

Quando lançaram “A Casa Amarela”, pela internet, em outubro de 2016, rolou um barulho legal em Sorocaba. “Nos animamos. Começamos a escrever, tinha muita coisa guardada. Nesse tempo, nossa vida começou a mudar. Novos insights. Eu já surfava fazia alguns anos e me desapegava de muita coisa material. Nessa época larguei a agência, que me abasteceu durante sete anos.” O casal começou a viajar mais, sempre juntos, e decidiu ir para São Paulo. “Temos nossa casinha em Camburi, a Vic mora aqui, onde faz Letras na USP, e ficamos nesse trânsito entre a cidade de SP, o litoral norte, e Sorocaba.”

Quando o casal voltou da Colômbia, “Casa Amarela” já estava no gatilho para lançamento. Depois veio a faixa “Cores”, que, inclusive, foi gravada em Camburi. “Começamos a compor mais e foi aí que começamos a gravar nosso EP Alucinante Demais.” Em paralelo com a história do Benziê, Du montou uma casa de shows em Sorocaba, da qual é um dos sócios: o Gamboa. “Lido muito com o pessoal da música; lá, cuido do conceitual, da parte de programação da casa, que recebe até 1.500 pessoas. Todo sábado tem show, tem festa. O Gamboa funciona como base para o tudo o que fazemos. Gravamos com um cara super conceituado, o Márcio Arantes, que já gravou Maria Bethânia, Mariana Aydar. O Gui Kastrup, excelente músico, que gravou bateria em nosso EP, foi quem produziu “A Mulher do Fim do Mundo”, o novo disco da Elza Soares, e conhecemos ele por meio do Márcio.”

BENZIÊ: “UMA FILOSOFIA DE VIDA”

Agora respirando mais da (verve)? musical de Sampa, a dupla afirma que é tempo de se estruturar, já que essa história de mercado da música chega como novidade.

“Somos independentes, não temos empresário. Temos um produtor musical, e por enquanto é só. Como se fosse um selo próprio. Lá em Sorocaba já estamos indo bem. A real, é que o Benziê acabou se tornando uma filosofia de vida pra gente. Tem a ver com viajar, conhecer gente legal, pelo Brasil, e pelo mundo. Em breve vamos ao sul; Praia do Rosa, Florianópolis e Curitiba.”

No dia 10 de março, a dupla faz o primeiro show de lançamento do EP, no Gamboa Bar – Sorocaba. “Também fazemos muito corporativo e casamento. A gente tem dois formatos de show: voz e violão (a Vic também toca piano e teclado); e o formato com banda, com teclado, baixo, guitarra e bateria – mais a possibilidade de agregar metal e percussão.”

Segundo a dupla, o momento é favorável e tudo vibra a favor. “Eu brinco com a Vic: quero construir um estúdio na beira da praia; surfar, registrar tudo em tempo real. Estamos vivendo um momento massa, as coisas acontecendo, e não estamos nem fazendo tantos shows. É isso, tem que sentir a vida… Se você estiver sentindo, tá valendo a pena.”

Para quem quiser sentir de perto a vibe do casal, uma boa nova: no dia 22 de abril, tem Luau Lar Mar com Benziê, pela primeira vez em São Paulo. SAVE THE DATE!