BRUNO MOTA

Bruno Mota, 37 anos, é santista e mora em Sydney, Austrália, com a esposa. Rodou por agências de publicidade como diretor de arte, mas, foi descobrir a felicidade autêntica em sua arte. Há quase três anos na terra dos cangurus, Bruno vive de arte – e vem deixando cada vez mais coloridos os muros na terra dos cangurus.

 

“Gosto de desenhar desde criança. Aprendi em Porto Alegre, com a convivência com um vizinho. Sempre desenhei. A matéria que eu me dava melhor era educação artística. Quando me mudei para São Paulo, fui estudar publicidade, ser diretor de arte, trabalhar com propaganda e criatividade. Achei que tinha a ver com tudo que gostava. Fiz faculdade em Santos, fui trabalhar em agência de propaganda em Campinas, lugar inclusive em que fui conhecer minha esposa.” 

Depois de Campinas, Bruno foi estudar direção de arte em São Paulo. “Valeu a pena. Os professores eram de agências grandes, depois disso dei um salto na profissão. Nessa mesma época, comecei a pensar mais em fazer arte. As matérias, inclusive, eram voltadas para o assunto, como a criação de personagens. Depois fui para outra agência de propaganda, fiquei lá por quase três anos. Eu gostava. Era muito trabalho, mas me dava prazer.” 

Uma oportunidade de trabalho em outra agência em Campinas fez com que Bruno saísse de São Paulo. Foi nessa mesma época que ele se reconectou com a arte e saiu em busca de um estilo próprio.  

“Passei por várias fases. Inclusive, pintava bastante em preto e branco. Até que um amigo meu me deu este toque: disse que sentia falta de cor nos meus trabalhos e me encomendou um trabalho, uma obra colorida. Nessas fui encontrando um estilo e as pessoas aos poucos começaram a reconhecê-lo.” Bruno começou expor seus trabalhos em Campinas. Em paralelo, tocava o trabalho na agência, e tinha a arte como hobbie. “Pintava depois do trabalho e aos finais de semana. Comecei a vender cada vez mais, e as coisas fluíram.”

Ele e a esposa queriam muito viajar e morar fora, até que resolveram arriscar: decidiram aprimorar o inglês e tentar a vida por meio da arte por pelo menos seis meses na Austrália. “Entramos em contato com algumas galerias antes e partimos para ver como seria a vida lá. Acabou que os seis meses viraram três anos até agora. Se você gosta de praia, do lifestyle, aqui é demais. O começo não foi fácil. Fiquei seis meses estudando inglês, com visto de estudante. Tive vários trabalhos. O custo de vida em Sydney não é barato. Até que as coisas começaram se acertar, e passei a ser representado por uma galeria, a Traffic Jam Gallery. Inclusive, quando cheguei, rolou algo muito legal, na praia de Bondi (uma das mais famosas de Sydney). Tem vários muros na orla da praia deles, e você pode aplicar (pedir autorização para o governo) para pintar esses muros. Se eles gostam do seu trabalho, você faz uma arte e ela fica lá por meses. Eu consegui um muro lá, foi muito legal. Depois consegui outro em Maroubra, e recentemente fiz um restaurante. Agora estou fazendo outro em Bondi.”

“Meu primeiro grande mural em Sydney. Feito em Bondi, uma das mais famosas e populares praias no mundo. Pintei no icônico Bondi Icebergs Club.”

 

“Mural que criei para o shopping Pacific Square, em Maroubra. Uma incrível oportunidade de dividir cada momento com os locais e as pessoas; falar sobre arte e trocar.”

Bruno também trabalha como designer gráfico em uma agência e define seu estilo de arte como abstrato com paisagem. “Reuni duas coisas das quais gosto muito: viajar e trabalhar com minha arte. Minhas obras são bem coloridas, de cores vibrantes, e o estilo bem autoral. No Brasil, eu pintava mais abstrato. Já fiz coisas inspiradas no Rio de Janeiro, por exemplo. Mas aqui foquei mais em paisagens, pontos turísticos. Recentemente fomos para Tailândia e fiz uma série de lá; depois fiz da ilha Cook. Todo lugar em que a gente vai, faço uma representação, tento traduzi-lo na tela com minha linguagem.” 

A vida está boa na Austrália e por enquanto o casal flui criativamente em sua base do outro lado do mundo. “Não me vejo voltando para o Brasil, ou saindo daqui para outro lugar. Voltamos recentemente para visitar a família. Para a gente o que mais pesa é ficar longe da família. Viemos para cá com um objetivo em mente, não tem por que partir agora com as coisas dando tão certo.”

Para Bruno, seu caminho tem a ver com um propósito de vida que lhe trouxe mais satisfação. “Eu trabalhava com propaganda, e nessa profissão, você sempre trabalha para alguém.” Ele conta que ansiava expressar suas ideias sem interferência. “Adoro quando as pessoas falam que meu trabalho é alegre. Você sabe que vai passar uma boa vibração. Fico feliz. Trabalho com o que realmente gosto, tenho prazer durante 100% do tempo. Quando você acha algo que te dá muito prazer, não tem mais volta.” 

No momento, Bruno participa da feira “The Other Art Fair” em Sydney. A feira de arte acontece em lugares no mundo todo, como Los Angeles, Londres e Chicago. A edição australiana vai até domingo (18/3) e segundo Bruno conta, os quatro dias de feira estão sendo uma oportunidade incrível de conhecer artistas, compradores, colecionadores e galerias de arte. 

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